O conjunto termal de Miróbriga compreende dois edifícios distintos, mas contíguos: as
chamadas Termas Este e as Termas Oeste. "É mais normal estes edifícios
encontrarem-se distribuídos pelo tecido urbano. A justaposição dos dois balneários
mirobrigenses poderá explicar-se por razões de economia, visto que assim se reduziam os
investimentos necessários à condução e escoamento das águas." (Jorge Alarcão).
O primeiro edifício data do século I d.C. e foi construído no período da renovação
urbana da cidade. "O vestiário é uma divisão rectangular e comprida. Num dos topos
tem uma construção circular, cujo destino não foi ainda suficientemente explicado. Uma
passagem no topo do vestiário dá acesso ao
frigidário. O tepidário é uma sala
absidiada na cabeceira. O
caldário é rematado também por duas absides, de raios
desiguais. A interpretação integral e correcta deste edifício, que sofreu
transformações ao longo da sua existência, está por fazer..." (Jorge Alarcão).
No século II d.C., um possível crescimento da cidade tornou as termas desadequadas, pelo
que foram construídas umas segundas termas.
"Estas constituem, pela sua conservação, o mais importante balneário romano de
Portugal; têm hipocaustos completos, pavimentos quase completos, banheiras ainda
forradas, muros nalguns casos tão altos que ainda se lhe reconhecem as janelas. A entrada
prolongava-se a nascente por um corredor em L que conduzia às latrinas.
Dessa entrada passava-se a uma espaçosa sala com uma abside, ocupada talvez por estátua;
era frequente haver nas termas culto à Fortuna Balnearis, cuja representação podia
alojar-se na abside. Duas divisões, uma rectangular e outra quadrado, que abriam para
esta ampla sala, funcionavam talvez como alojamento do guarda do vestiário.
O frigidarium tinha duas banheiras de diferentes dimensões, uma em cada topo. A parte
aquecida das termas é constituída por quatro divisões; uma delas, com duas banheiras,
é nitidamente um caldarium; outra funcionava como tepidarium; é mais incerto o destino
das restantes duas salas." (Jorge Alarcão).
As termas oeste, para além do sistema subterrâneo de circulação do ar quente
(hipocausto) têm ainda observável as paredes duplas de circulação de ar quente.
Uma latrina. implantada nas termas Oeste, deve ter servido simultaneamente os dois
edifícios, após a construção deste último [...]
Texto: Luis Jorge Gonçalves / fotografias:
Maurício Abreu, in: A Época Romana na Costa Azul,
Região de Turismo da Costa Azul, 1994 |